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Bruno Levhiatan Muscal Almada

sexta-feira, 22 de março de 2013

Morfina



A luz do sol ainda está lá...
A brisa fresca ao amanhecer ainda está lá...
O primeiro fôlego ainda se faz presente...
Aquele sorriso ainda está lá...
Aquele olhar que diz muito, ainda está lá...
A satisfação ainda está lá...
Sua presença em pensamento ainda está lá...
Meu pensamento ainda está lá...
Com esse céu limpo, ainda choverá...
A força de um abraço está lá...

Na morfina está minha endorfina...
O trago matinal permanece.
Mesmo com essa paz, ainda há a guerra...

Sinto a dor, sinto o prazer, sinto a satisfação...
Sinto o aroma, sinto os sintomas, sinto a ausência...

Ainda me pego pensando naquele tempo em que eras ativa, hoje vejo seu pior pesadelo prosseguir.
Ainda sinto o mesmo, o orgulho não se foi.

Não espere pelo paraíso;
Não espere por um milagre;
Não espere!

Se não tem sentido, se não tem motivo, não espero por nada...
Se não tem objetivo, se o final é sabido, basta viver.
A ausência das circunstâncias que nos trouxe aqui, a ausência de toda uma presença satisfatoria.

Se tudo foi por acaso, já não vem ao caso...
Se nada vale a pena, já cumpro essa pena.


                                                       (Bruno Levhiatan, 22/03/13)

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