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Bruno Levhiatan Muscal Almada

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Leite Morno

Hoje acordei e não o encontrei na mesa para o café, sei o quanto gosta de sentir-se preso à sua cadeira, este lugar é a sua derrota; um entre alguns zeros, chutado e entediado.
Suas orelhas estão cheias, porém você vazio, de coração trancado com tudo do lado de fora, vivendo com aqueles que nem ligam pra quem você é de fato.
Um copo de leite seria melhor, olho a T.V, vejo muito, mas sou um cego, um cérebro morto virtualmente.
Sociabilidade é difícil o bastante para mim. Me dê uma saída deste imenso mundo mal e eu deixarei que me leve...assim eu posso voltar ao principio. que lugar é este onde foi? é muito longe, onde as pessoas machucam por que não sabem quem você é.
Os anos estão passando cheios de outras palavras, de certo ainda deve haver algum bom senso em você.
Mas só até tais palavras começarem a ofender e você não encontrar mais a porta pra sair.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Apotegma







Ando escutando muito, o silêncio se faz excelso em noites claras sem sono.
Acordado num pesadelo que me faz regressar ao futuro que sempre sonhei.
Ainda espero sentado, enquanto caminho por terrenos intrasponiveis, que me fazem atravessar paredes densas... que se racham facilmente com um olhar observador.

De repente a luz ascendeu, suplantando minha visão... flutuando senti meus pés no chão a queimar como ao tocar o gelo, me paralisando aos poucos.

Senti seu sabor doce suavizando o acetoso estupor.
"Só percebesse o doce sabor do mel quem já provou o fel."

Com o medo a tenacidade se foi.
Com a anestesia a dor voltou...
Guardaram o básico o insignificante esta garantido.

Os grandes sabores da vida estão guardados nos pequenos prazeres.
Os pequenos prazeres não se encontram em nenhum adágio.
A maior doutrina cabe na máxima de um aforismo.

Depois da melhor experiência todo o subsequente será nulo.




                                                                                            Bruno Levhiatan, 18/01/13

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ilegível Cavidade





Esperar, respirar... descansar.
Observar, respirar... esquecer.
Reencontrar, respirar... desviar.

Descansar, esquecer; Desviar.
Esperar, observar; Reecontrar-se.
Respirar, respirar e respirar.

Inspirando a sujeira, expirando uma sublevação.
Alimentando mais uma comiseração, expelindo mais lhaneza.
Percorrendo alguns caminhos ilegíveis, apenas para preencher algumas cavidades.

Quem procura abrigo, acaba sem lar.
Quem se foi não irá mais voltar.
Toda essa exiguidade, continuará sendo minha antipatia.
Caminhos foram separados por um exíguo abismo...
A metade nunca será o inteiro.





                                                                                        Bruno Levhiatan, 16/02/13